A comunidade Quilombola do Quingoma não tem o que comemorar nos 58 anos de emancipação política de Lauro de Freitas. Presentes na região, antes até, da própria freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, as negras e negros revoltos que se aquilombaram na região do Caji, tentam sobreviver ao racismo.
Muita gente morreu naquela região, lutando pelo direito à terra. Velhos e velhas sucumbiram no enfrentamento aos invasores, grileiros e saqueadores. Sempre sozinhos e isolados, contando apenas com a força da ancestralidade e fincados às raízes que lhes sustentam, os quilombolas agora enfrentam um inimigo ainda mais poderoso, o Estado da Bahia.
A via metropolitana, que corta a comunidade, imposta pelo Governo do Estado, está dilacerando a comunidade que grita por socorro, mas ninguém escuta. Nem mesmo o apelo dramático, feito pela líder quilombola ao ex-presidente Lula e a carta entregue a presidente nacional do partido que tinham como aliado, serviram para amenizar o drama.
A construtora que recebe dinheiro público não hesita em rasgar a terra, aterrar os rios e desmatar as matas.
Paralela a tudo isso, a COVID 19 se apresenta como mais um desafio a ser enfrentado pela comunidade.
Segundo Rejane, liderança quilombola, há pelo menos 50 pessoas contaminadas no Quingoma e as condições sociais não ajudam no isolamento. Falta água todos os dias, não da nem para lavar as mãos. Ela afirma que há casas em que até cinco pessoas dormem no mesmo quarto e confessou que teme pela mortandade, em massa, da comunidade.
Lideranças negras e dos movimentos sociais de várias partes do país se sensibilizam com a causa quilombola em Lauro de Freitas.
A titularização da área quilombola é uma promessa que perpassa de governo a governo e nunca se consolida.
Uma comissão de moradores se organizam para reunir com os principais candidatos ao legislativo, na cidade, para obter garantias que melhorem as condições de vida da comunidade.
Por: Ricardo Andrade