Após retirar o status de feriado municipal, do 20 de novembro, dia da Consciência Negra, a câmara municipal de Lauro de Freitas apostou que a pauta estaria vencida, tendo em vista que a votação aconteceu no fim do período legislativo de 2019 e que novas investidas do movimento negro só aconteceriam em novembro do ano seguinte, depois do processo eleitoral, não gerando assim, prejuízo político para o autor da proposta nem para os que apoiaram o projeto.
Contudo, o que ninguém, esperava era que a pandemia do corona vírus pudesse interferir no calendário eleitoral e se caso isso ocorrer, a história muda completamente. No Congresso Federal já há projetos que versam sobre o adiamento das eleições e a própria ministra do STE, Rosa Weber, já admite a possibilidade das eleições acontecer em dezembro.
Caso isso ocorra, significa que o 20 de novembro cairá dentro do período de campanha, o que dará ao movimento negro um oxigênio extra para pressionar os parlamentares e rever seus posicionamentos.
“Não vamos poupar críticas àqueles e àquelas que votaram contra o legado do povo negro nesta cidade. Nós fomos traídos e as comunidades, os trabalhadores vão ter acesso a esses nomes.” Afirma Claudia Santos, pré candidata a vereadora pelo movimento negro.
O movimento negro denuncia ainda que o posicionamento da câmara foi uma decisão política e não jurídica como alegam alguns vereadores. A substituição do feriado do 20 de novembro foi justificado em nome de um santo católico completamente desconhecido e não venerado, sem relação nenhuma com o município.
O presidente da câmara e provável vice na chapa de Moema Gramacho, Antônio Rosalvo, disse que cumpriu o rito estabelecido, mas ressalta que a Casa legislativa é um espaço de negociação e que todas as pautas são possíveis.
“Estamos abertos ao diálogo, o movimento negro, pode e deve sim buscar junto a esta casa suas reivindicações”. Afirmou.
O projeto de lei que suprimiu o feriado do 20 de novembro em Lauro de Freitas se pautou num pedido da ABASE (Associação Baiana de Supermercado), que alega ter prejuízos financeiros, pois precisam pagar horas extra aos funcionários para trabalhar durante o feriado. É importante salientar que esses grandes supermercados abrem 363 dias no ano, praticamente todos os fins de semana, não sendo assim possível compreender, como um único dia, pode gerar tanto prejuízo, como eles alegam.
Por: Ricardo Andrade