No próximo dia 30 de novembro, as comunidades de terreiros de candomblé de Lauro de Freitas irão às ruas lutar contra o ódio religioso. É mais uma edição da Alvorada dos Ojás, um ato que consiste na amarração de panos brancos em árvores nos diversos pontos da cidade, fazendo alusão direta a ancestralidade de matriz africana e reivindicando o direito à liberdade de culto e livre expressão da fé.
A concentração será às 17 horas na Praça da Matriz, em frente à prefeitura e a Casa Legislativa onde um Grande Xirê (roda de candomblé) será realizado para saudar e pedir a benção aos orixás.
As tensões étnicas, religiosas e raciais têm se intensificado em Lauro de Freitas. O avanço de fundamentalistas neopentecostais nos espaços de poder tem restringido e constrangido religiosos de outras matrizes, contrariando o princípio constitucional da laicidade do Estado.
Há secretarias que antes do expediente diário realiza cultos evangélicos no espaço público sob a tutela do secretário, desconsiderando aqueles que não professam a mesma fé. Nos grupos institucionais de wathsapp é comum registrar manifestações e induções religiosas do tipo “aceite a Jesus ele é a única saída”.
Na escola Ana Lucia Magalhães, alunas são impedidas de entrar usando suas indumentárias por decisão unilateral da diretora, que insiste inclusive, em desobedecer a orientação da secretaria de educação.
Nas edições anteriores da Alvorada, em pontos específicos como Praça de Areia Branca e na entrada do bairro de Portão vários ojás foram retirados, uma manifestação clara do ódio que vem se repetindo todos os anos. No ano de 2015 a polícia precisou intervir para que os ojás não fossem retirados.
O Coordenador do Orooni, entidade ligada ao Coletivo de Entidades Negras, disse que montará plantão especial esse ano nos locais onde aconteceram esses incidentes para identificar os autores do vandalismo e denunciá-los às autoridades.
A Coordenadora Executiva da Superintendência de Promoção da Igualdade Racial (SUPIR), disse que a Alvorada dos Ojás é uma manifestação pacífica e que prega a união, o respeito e a paz e que as garantias estão asseguradas na constituição.
Por: Ricardo Andrade