No dia em que se comemora o dia do bibliotecário/a venho a público, visibilizar essa importante data e contar um pouco da minha trajetória/escrevivência.
Você sabia que no dia 12 de março, é comemorado o Dia do Bibliotecário? A data foi instituída pelo Decreto nº 84.631, de 12 de abril de 1980 com efeitos em todo o território nacional. Essa data foi escolhida por ser o dia do nascimento do pernambucano Manuel Bastos Tigre (1882-1957), considerado o primeiro bibliotecário concursado do Brasil. O Homenageado foi engenheiro, escritor, poeta, publicitário, além de bibliotecário, claro, entre outros.
O tão conhecido slogan “Se é Bayer é bom” foi criado por ele. Mas, por que eu estou falando de Manuel Bastos Tigre, em nossos dias? Porque a história dele é semelhante a minha, no caso de Bastos, depois de trabalhar na Biblioteca Nacional, Museu Nacional, na Biblioteca da Associação Brasileira de Imprensa e durante muitos anos na Biblioteca Central da Universidade do Brasil, Bastos Tigre assumiu a direção da biblioteca, cujo cargo exerceu mesmo depois de aposentado. Já no meu caso trabalhei em São Paulo, na Biblioteca Mario de Andrade, a segunda maior biblioteca do país; no Centro Cultural Vergueiro, desde sua inauguração em 13 de maio de 1982, considerado um dos principais espaços culturais da cidade de São Paulo; no Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), tendo como prioridade a realização de inventários do patrimônio ambiental urbano de São Paulo e por último assumi a direção do Centro Cultural do Jabaquara, hoje Centro de Culturas Negras do Jabaquara “Mãe Sylvia de Oxalá”.
Ainda é um dos principais espaços de preservação, manutenção, promoção, (re) valorização e potencialização das culturas afro-brasileiras e único equipamento público municipal com características de “centro cultural” na região do Jabaquara (SP). Todas essas instituições estão na estrutura da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Lembrar-me dessa trajetória me deixa muito contente… Ainda mais quando eu volto em 2005, já em Lauro de Freitas, vibrando com o sonho de continuar atuando em meio aos livros/arquivos assumi nas gestões da Prefeita Moema Gramacho a direção da Biblioteca Pública no município de Lauro de Freitas (BA), essa cidade cheia de histórias, estórias, contos e encantos. Na primeira gestão da Prefeita Moema Gramacho como Gerente, na SEMED, na gestão do Secretário Municipal de Educação, Senhor Manoel Carlos (Carlucho) na segunda a Direção do Departamento de Bibliotecas e Infocentros Públicos na SECULT na gestão do Secretário Municipal de Cultura Turismo Senhor Antônio Lírio. Mas, apesar de inúmeras atividades culturais e de formação realizadas através da Biblioteca Pública foi extinta juntamente com o Telecentro.
Falar da extinção da Biblioteca Pública de Lauro de Freitas, na gestão de 2012 a 2014, me deixa triste, porque foi realizado sem qualquer envolvimento dos/as munícipes de Lauro de Freitas.Entendo até que existem pessoas que não tenham a dimensão da importância de uma biblioteca pública para a educação, cultura e transformação social. E o silencio dos/as Laurofeitenses em não reivindicarem por uma biblioteca pública, talvez sejam aqueles e aquelas que nunca tiveram a oportunidade de conhecer as possiblidades, oportunidades e os prazeres de um espaço de leitura. Mas, pergunto…
Como um gestor público pode extinguir um equipamento cultural físico e documental tão importante para uma cidade como a nossa de duzentos e um mil e seiscentos trinta e cinco habitantes (201.635), com mais de 28 mil estudantes só na rede municipal e que em 2021 comemoraria 30 anos de existência? Não entendo e não posso responder essa pergunta. Só posso finalizar, manifestar e reivindicar com eu quero a minha…a nossa biblioteca de volta.
Não podemos mudar o passado, mas podemos/devemos modificar o presente e avançar por um futuro melhor, assim, como nos ensina o pássaro Sankofa [“retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”]
Saudações,
Sônia Maria de Gomes Lima, Bibliotecária, educadora,
Feminista Negra/Filiada ao Partido dos Trabalhadores desde 1993
Foto: Arquivo Pessoal