As mídias sociais estão inflamadas com os mais diversos reclames e protestos de entidades e personalidades negras contra a alegação de falta de recursos públicos para que se realizem as ações do Novembro Negro na Bahia.
Quando se pergunta sobre a condição para apoio, a resposta está na ponta da língua e é imediata; ‘estamos em contenção de despesas’; ‘enfrentamos uma crise terrível’; e a clássica: ‘não temos recursos!’.
Contudo, numa leitura mais detalhada do Diário Oficial do Estado, percebemos que há uma discrepância entre o discurso e as ações. Nos parece que a falta de recursos é parente do excesso de racismo, pois as duas ações andam lado a lado.
No mês da consciência negra, o governo do Estado diz não aos ofícios do movimento negro, mas aprova 800 mil reais para a Flica – Feira Literária, atividade produzida e conduzida por brancos e que inclusive barrou a apresentação de capoeira no evento. Para mostrar que o problema não é a falta de recursos, o mesmo governo financiou também 500 mil para o campeonato de Surf em Praia do Forte e a toque de caixa e de última hora a peça teatral do Famoso Lázaro Ramos, no TCA.
Para o movimento negro, fica evidenciado que a ‘falta de recursos’ nada mais é que uma cortina branca que serve para encobrir o real problema: O RACISMO INSTITUCIONAL.
O racismo cria uma escama nos olhos institucionais que não conseguem, ou não querem enxergar a importância das nossas demandas. Todos sabem, não há novidades, que todos os anos, no mês de novembro, dezenas de entidades do movimento negro buscam apoio para suas ações, mas, nenhuma providência é tomada de forma antecipada.
A SEPROMI bem que tenta, se contorce como negros no pau de arara, mas o desfecho é sempre menor que a expectativa. Isso quando ele se traduz em algum apoio.
E assim caminha, cada vez mais fragilizada, essa relação entre governo ‘progressista’ e movimento negro. Um faz de conta que se importa e o outro que acredita, até ambos admitirem que suas pautas são diferentes e não cabem no mesmo projeto. Se estamos errados, tempo dirá. Segue a luta!!!
Por: Ricardo Andrade