O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (27) esperar que o STF (Supremo Tribunal Federal) possa analisar rapidamente as denúncias feitas contra ele pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Bolsonaro afirmou que Moro deve provar o que disse.
O ministro Celso de Mello, do STF, deve autorizar nas próximas horas a abertura de um inquérito para apurar as acusações feitas por Moro, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.
“O ministro que saiu fez acusações e é bom que ele comprove, até para minha biografia, tá OK? Agora, o processo no Supremo é o contrário, é ele que tem que comprovar aquilo que ele falou ao meu respeito”, disse Bolsonaro na porta do Palácio da Alvorada, em Brasília.
Em resposta, ainda no dia 24, Bolsonaro admitiu ter cobrado Moro pela investigação sobre a facada que ele, então candidato à Presidência, sofreu em setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Ao lembrar do atentado, o presidente disse que o ex-juiz da Lava Jato não esteve com ele na campanha eleitoral e que não sabe em quem Moro votou no primeiro turno.
Nesta segunda, Bolsonaro voltou a negar qualquer interferência política na Polícia Federal.
“Eu nunca pedi isso ai, zero, nenhum parente meu está sendo investigado pelo Supremo. O que tá de fake news é segredo de Justiça, ninguém sabe”, disse. “Ele [Moro} teve carta branca na Justiça, eu não troquei nenhum superintendente, sugeri Rio e Pernambuco.”
“Eu estou apanhando há 15 dias. Desde que comecei a conversar com parlamentares desses partidos, eu estou apanhando. No passado, o pessoal dava para partido ministérios, bancos, estatais e vocês elogiavam”, disse. “Olha eu, fiquei 28 anos na vida pública. Não posso ser presidente? Se eu posso ser presidente, um deputado pode ser ministro.”
Um dos cargos no alvo do loteamento é o da presidência do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão ligado ao Ministério da Educação e que controla um orçamento e mais de R$ 50 bilhões. No ano passado, o fundo já havia sido comandado por uma indicação política negociada na reforma da Previdência, mas o ministro da Educação, Abraham Weintraub, retomou o poder do órgão no fim do ano passado.
O FNDE é alvo de assédio político pela capacidade de atuar em praticamente todos os municípios do Brasil, uma vez que é responsável por transferências de recursos para obras de escolas, por exemplo. Bolsonaro minimizou, entretanto, o loteamento deste cargo.
“Grande parte é carimbado esse recurso. Não tá na mão do cara fazer o que bem entender”, disse.
Fonte: Folha