“Sabemos que políticas de diversidade não vão sanar as contradições existentes entre o capital e o trabalho. Entretanto, é fundamental corrigir distorções decorrentes das barreiras discriminatórias.
As empresas buscam aumentar sua produtividade, como condição para obter êxito nos ambientes competitivos onde atuam. Entre outras medidas, procuram fazer um adequado uso dos recursos humanos. Estes, entretanto, são bastante diversificados, e hoje já se sabe que uma boa administração dessa diversidade promove melhor produtividade.
Nos mercados da Europa e dos EUA já houve avanços no entendimento de que é benéfico para a sociedade e para o mundo corporativo a inserção de mulheres, negros, jovens, segmento LGBTs e pessoas com deficiência, nos quadros de liderança. Em nosso país, com tanta diversidade que constitui o povo brasileiro, esse é um desafio a ser vencido.
No Brasil, embora existam exceções, as funções médias e superiores das grandes empresas e serviços públicos estampam um tipo hegemônico de trabalhador: homens e brancos.
Pesquisa realizada pelo Instituo Ethos em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento resultou no estudo “Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas” (2015). Dito estudo revela uma minoria de mulheres em cargos de chefia nessas empresas e, mais ainda, que num universo de 548 executivos, apenas duas mulheres se declararam negra e parda, o que equivale a ínfimo 0,4%. Nos cargos de gerência elas representavam 1,6%.
A pesquisa revela que o peso da cor desenha um perímetro bastante circunscrito ocupado por negros e pardos nas lideranças empresariais. Esses eram apenas 6,3% dos que ocupavam cargos de gerente, 4,7% entre os executivos e 4,9 entre os membros dos conselhos de administração.
Na Bahia, nos lançamos ao desafio de abrir o debate e buscar firmar pactos que nos levem a alteração deste quadro adverso para avançar na valorização da diversidade. É por isso que realizamos o I Fórum Baiano da Diversidade no Mundo do Trabalho, estabelecendo o diálogo entre empregadores e trabalhadores.
Sabemos que políticas de diversidade não vão sanar as contradições existentes entre o capital e o trabalho. Entretanto, é fundamental corrigir distorções decorrentes das barreiras discriminatórias. Há que se garantir que as forças produtivas que geram a riqueza econômica da sociedade, expresse em si a riqueza da diversidade humana no ambiente do trabalho, e que isto apareça nos cargos de liderança.
A incorporação da diversidade deve ser parte do planejamento estratégico de uma empresa. Os muros que nos separam devem ser substituídos por pontes que conectem e valorizem a diversidade como riqueza imprescindível ao desenvolvimento sustentável.
Por: Olívia Santana
*Secretária do Trabalho Emprego Renda e Esporte do Governo do Estado da Bahia (SETRE)
Da Revista Quilombo