O que era pra ser configurado apenas como um caso de cancelamento de um evento juvenil, justificado pela falta de autorização do poder público, se transformou num alarmante e preocupante episódio de tráfico de influencia e peculato.
No mesmo estacionamento funciona uma seita evangélica intitulada “Nova Esperança”. O pastor da seita, ao perceber a movimentação dos jovens e a montagem da estrutura do evento, logo se posicionou contra e disse em alto e bom tom que o vento não aconteceria.
Após algumas horas, técnicos da prefeitura municipal, acompanhados de uma viatura da Polícia Militar compareceram ao local do evento e deram a ordem para que som fosse desligado e atividade cancelada. Alguns ingressos já haviam sido vendidos e um público de 40 pessoas aguardavam para entrar no espaço onde aconteceria a atividade.
Com justificativas vazias e sem amparo legal da lei, os servidores insistiam para que a produção do evento desligasse o som. Um deles chegou a dizer que a própria prefeita Moema Gramacho, teria ligado pro seu celular ordenando o fim da atividade.
Os técnicos da Secretaria de Serviços Públicos alegavam que os organizadores do evento não tinham autorização da SEPLANTUR pra realização do evento. Mas segundo advogados, o espaço privado do shopping dispensa tal autorização.
Ao presenciar todo acontecimento, constatamos que houve um perigoso tráfico de influencia envolvendo legisladores e funcionários públicos do auto escalão do município. Fatos curiosos e que carecem de atenção puderam ser observados nesse episódio:
– uma viatura da PM, um instrumento disputadíssimo na 4ª cidade mais violenta dos país, foi providenciada em poucos minutos, e ficou por mais de uma hora parada no local até que o som fosse desligado.
– técnicos da SESP foram encaminhados rapidamente ao local, em pleno domingo à tarde, no dia em que a cidade recebe a visita do governador do estado. Uma eficiência difícil de ver na administração pública. Vele ressaltar que em casos parecidos a visitas desses técnicos chega a demorar mais de 15 dias.
– se verdadeira a informação de um dos técnicos, que afirma que a Prefeita teria ligado pro seu celular ordenando o imediato fim do evento, fica caracterizado que houve um perigoso tráfico de influencia que coloca em risco a democracia.
Segundo informações de dentro do próprio governo, o pastor da seita evangélica teria acionado um vereador, também evangélico, que tratou de utilizar a estrutura pública para garantir o interesse do pastor que também fora seu “cabo eleitoral” e pelo que parece, contou com a participação do auto-escalão do governo municipal.
Ao ser questionada por nossa redação sobre a ação de seus técnicos, a Secretária Vânia Almeida SESP, entrou em contradição, desligou o celular e em seguida negou-se sucessivas vezes a atendê-lo.
Se comprovado o tráfico de influencia nesse episódio, Lauro de Freitas precisa urgentemente de uma intervenção do Ministério Público para que se apure as denúncias e puna os responsáveis, para garantir que as estruturas públicas estejam a disposição do conjunto da sociedade e não de um grupinho de pequenos poderosos que se acostumaram fartar-se das guloseimas do poder.