A falta de clareza nas definições dos conceitos de cultura e lazer tem trazido grandes prejuízos à política cultural no município de Lauro de Freitas. Apesar dos esforços que o CMC (Conselheiro Municipal de Cultura e que a própria secretaria de cultura tem feito no sentido de apresentar um plano de cultura à cidade, o que se percebe é que a orquestra não afina. Falta um maestro com poder de decisão.
Ninguém tem dúvidas de que Lauro de Freitas é uma cidade essencialmente cultural. Respiramos arte em toda a sua diversidade em nosso cotidiano, contudo, é possível perceber também, que um poço de areia movediça consome o que temos de mais tradicional enquanto elementos menos valiosos e sem poder de transformação social ganham espaço e disputam o apertado orçamento destinado ao desenvolvimento da cultura.
É possível perceber uma tremenda confusão e falta de compreensão por parte da gestão no que tange o financiamento de atividades de lazer e ações culturais. Essa falta de entendimento e descompasso, intervém de forma negativa na versão final na política cultural da cidade.
O processo de aculturação imposto pelo grande capital, pelo mercado cultural e pela mídia convencional, desafina os produtores e agentes culturais e muitos se permitem apenas a realizar lavagens, festas de largo e micaretas, marchas, paradas etc. Essas atividades isoladas que não estabelecem metas nem objetivos e que não dialogam com o objeto cultural do município não podem ser encaradas como eventos culturais e sim como atividades de lazer. Por consequência, precisam ser financiadas e apoiadas pelo órgão responsável pelo lazer e não pela cultura.
Nos parece ao final de tudo que estamos diante de uma grande sinfônica onde cada integrante entende que precisa tocar o seu instrumento o mais alto possível para poder ser ouvido. O maestro e seus auxiliares impotentes, tentam afinar a melodia, mas no fim só se escuta barulhos e ruídos que espantam o público e nos distanciam da essência cultural.
Por: Ricardo Andrade