Segundo os dados do Mapa da Violência 2016, Lauro de Freitas é uma das cidades mais violentas do Brasil. Ser jovem negro e viver nessa cidade é correr risco de morte cotidianamente.
O crime organizado, as facções e a corrupção policial cria um ambiente propício a disseminação da violência. A ação do estado é repressiva. Faltam oportunidades de trabalho, ocupação, lazer e esporte. Os equipamentos públicos estão sucateados. O apelo do crime é muito mais sedutor do que as iniciativas tímidas e ultrapassadas adotadas pelo estado.
Não há garantias que um pré-adolescente alcance a maturidade, estão lançados a própria sorte. As mães sofrem a angustia diária de ver seus filhos saírem pela porta de frente e não ter a certeza que irão retornar para casa. Os cemitérios da cidade não comportam a quantidade de enterros e as lápides confirmam o genocídio. A grande maioria dos enterrados nasceram na década de 90.
O novo governo tem um imenso desafio. O desafio de garantir a integridade e a vida dos nossos jovens, afinal de contas, não há política pública para além do cemitério.
Principais propostas de enfrentamento a violência
Durante o processo eleitoral a prefeita eleita realizou uma série de audiências e escutas, junto à população dos diversos bairros e segmentos do município, no sentido de ouvir os principais reclames e ao mesmo tempo discutir com a sociedade as possíveis ações de seu governo, visando resolver ou minimizar os problemas, além de melhorar a vida da população.
Sem sombra de dúvidas, uma das maiores preocupações da nossa sociedade atual, reside na questão da segurança, ou da sua falta. Como já fora dito, vivemos numa cidade onde a violência é uma constante e sendo assim, a nova gestora terá um grande desafio pela frente.
Como estratégia ao enfrentamento à violência, Moema deve investir nas ações de esporte, cultura e lazer. Há quem defenda a fusão dessas pastas numa super secretaria que desenvolva ações integradas e intersetorializadas, que englobem todo o conjunto da máquina pública. Entre as principais iniciativas estariam:
* reforma das quadras e campos de futebol;
*doação de kits esportivos e culturais;
*democratizar o acesso as instalações do centro de cultura;
*promover festivais de cultura;
O Coletivo de Entidades Negras, (CEN) defende ainda como ferramenta de enfrentamento à violência a criação de um programa que fomente a geração de renda. Para a entidade, a disputa dos jovens com o crime organizado tem que acontecer também no campo do real, das ações e programas concretos. “Estamos falando de sobrevivência. Tomar café, almoçar, jantar, comprar roupa e sandália nova. Essas coisas do cotidiano têm que estar na pauta, caso contrário perderemos a luta, pois o tráfico paga até 150 reais só para ficar de quebrada na esquina, olhando o movimento”. Afirma Alisson Damasceno, da Juventude do CEN.
Outras importantes incitavas e que demandarão bastante do novo governo e será é a criação de espaços de acolhimento e desintoxicação de jovens em situação de dependência química. Segundo Marcos Rezende, coordenador do CEN, o risco de morte aumenta em mais de 80% quando a vítima é viciada.
Há ainda a proposta de criar, em parceria com o Governo do Estado, via Secretaria de Segurança Pública, um comitê composto também por representantes da sociedade civil que acompanhe e monitore a ação das polícias nas periferias. A truculência e os casos de corrupção policial tem sido uma constante na cidade e isso tem contribuído também para o aumento da violência, notadamente contra a juventude negra.
Por: Ricardo Andrade
Coletivo de Entidades Negras